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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Tatit


Faz uns meses comprei um CD do Luiz Tatit. Eu gosto muito desse Tatit - digo "desse" porque é uma família de gente com talento, tem o Paulo, tem o Jonas, ambos envolvidos no Palavra Cantada/Tocada.

O Luiz Tatit foi meu professor na faculdade e desde aquela época sou apaixonada pelo trabalho dele, além de um professor super competente - consegue explicar coisas complicadas de uma maneira simples e interessante -, é um músico criativo. Foi fundador do extinto Grupo Rumo, um dos mais interessantes que conheci, com letras acuradas.

Aliás a palavra sempre foi o forte de Tatit, por isso vou postar aqui, como homenagem, duas letras bem criativas do seu mais recente CD "Sem destino".

A primeira é a que dá nome ao disco:

"Tudo que era o meu destino
Na verdade nunca me aconteceu
Pode ter acontecido
Pra alguma pessoa
Mas não era eu
Vivo assim na vida sem previsão
Todo mundo tem destino, eu não
Nunca os fatos são de fato fatais
Não confio na fortuna jamais
Puro acaso e nada mais

Tudo que já estava escrito
No meu caso nunca se concretizou
Só talvez o aniversário
Que é na mesma data
E não se aterou
Era pra eu já ter encontrado um amor
Era pra eu já ter esquecido o anterior
Era pra eu já ter aprendido a sonhar
Era pra eu correr o mundo e voltar
Mas viagem sem destino, não dá

Quero minha sina
Quero minha sorte
Quero meu destino
Quero ter um norte
Quero ouvir uma vidente
Que me conte tudo
Só esconda a morte
Quero uma cereza mínima
Que se confirme
Que não seja trote
Por não ter o meu destino
Vivo em desatino
Como D. Quixote

Quem não tem o seu destino
Chega a noite
Pensa que tudo acabou
Se levanta muito cedo
Nunca sabe bem
Por que levantou
Nada tem urgência para cumprir
Pode virar do outro lado e dormir
Pode ficar nessa até o entardecer
Todos os amigos vão entender
Levantar sem ter destino
Pra quê?

Ser assim tão sem destino
Me preocupa muito
Me deixa infeliz
Sempre quis o meu destino
Foi o meu destino
Que nunca me quis
Mesmo algum sucesso que ele
previu
Era pra me revelar, desistiu
Acho que ele foi atrás de outro
alguém
Pois destino tem destino também
E só revela aquilo que lhe convém.


A segunda canção, chama-se "Dia sim, dia não":

Quem amou
Dia sim dia não
Só amou à prestação
Na indecisão
Teve carinho
mas nunca teve carinhão
Que é uma ternura imensa
Que pega ponta do seu pé
E vai ao topo da cabeça
É um caminhão de cafunés

Quem chorou
Dia sim dia não
Dividindo a aflição
Com a razão
Chorava menos
Mas foi chorando até o verão
Quando o prazer aumenta
Quando é melhor se animar
Pois se chora ninguém aguenta
Despeja as lágrimas no mar

Quem sofreu
Dia sim dia não
Só sofreu uma fração
Uma porção
Melancolia
Mas que virou satisfação
Mas que virou melancolia
É pra testar o coração
No desalento e na alegria
É o tiquetaque da emoção

Dia sim dia não
Um adianta, outro atrasa
A evolução
E a solução
Dia sim dia não
Um machuca, outro sopra
E fica bom
Ou quase bom
Vai se abrir, se fechar
Vai sorrir, soluçar
Vai a vida vai e volta:
Amar, chorar, sofrer

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