Por que "clepsidro-me"?!?!

Leia a primeira postagem e descubra!!! (clique aqui)







quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Poema emprestado

Quero crescer muito pra preencher seu vazio

Quero ser água pra matar sua sede

Quero criar asas pra voar pra longe,
quando você não me quiser por perto

Quero aguçar os sentidos pra saber
quando voltar e te dar colo.
Você me lê lua
Você me nina nua
Você me tem tua

Pra você,
eu me clepsidro,
despudoradamente...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

"Amamos os símbolos que vemos escritos nalguma parte do corpo da pessoa amada. O amor pertence à ordem da poesia."



Cantos do Pássaro Encantado - Rubem Alves
"Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança pra acontecer de novo e não consegue"

(Mania de Explicação - Adriana Falcão)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Pássaro

Pássaro com a asa machucada
Alça voo -
Feliz, por estar voando, e
Dolorido, por ter sido ferido.

A ferida latejante,
escondida nas penas imponentes,
impede a plenitude do voo.

Que encontre o bálsamo
aliviador
apaziquante

suave
doce
terno


E alcance a plenitude.

Saudades

Hoje me contaram uma história.
Me emocionei.

Um menino estava em fase terminal de uma doença grave.
Ele sabia que ia morrer.
Conversando com sua mãe, disse:
- Sei que você vai sentir saudades.

Mas a saudades é o amor que fica.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011



Tristeza é uma mão gigante

que aperta seu coração





(Adriana Falcão - Mania de Explicação)

segunda-feira, 7 de novembro de 2011



"Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo"



José Saramago






Será que eu sei fazer isso?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Trancar num cofre?

Hoje meu chefe me mostrou um trechinho de um poema do Antônio Cícero, poeta carioca, que tem tudo a ver com o que penso:


Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.


Em cofre não se guarda coisa alguma.


Em cofre perde-se a coisa de vista.




Guardar uma coisas é olhá-la, fitá-la, mirá-la por


Admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Oswald de Andrade




























Ontem deu vontade de reler o Oswald de Andrade e hoje, de compartilhar uns poemas dele, do livro chamado Pau-Brasil, de 1925:




ESCAPULÁRIO


No Pão de Açúcar

De cada dia

Dai-nos Senhor

A poesia

De cada dia





3 DE MAIO


Aprendi com meu filho de dez anos

Que a poesia é a descoberta

Das coisas que eu nunca vi




SOL



Uma vez fui a Guará

A Guaratingueta

E agora

Nesta hora de minha vida

Tenho uma vontade vadia

Como um fotógrafo





III


Granada é triste sem ti


Apesar do sol de ouro

E das rosas vermelhas



V



Que alegria teu rádio

Fiquei tão contente

Que fui à missa


Na igreja toda gente me olhava

Ando desperdiçando beleza

Longe de ti





VI



Que distância!

Não choro

Porque meus olhos ficam feios




E uns do livro Primeiro Caderno de Poesias do Aluno Oswald de Andrade, de 1927:




OFERTA



Quem sabe

Se algum dia

Traria


O elevador

Até aqui

O teu amor



AMOR

Humor




BALADA DO ESPLANADA

Ontem à noite

Eu procurei

Ver se aprendia

Como é que se fazia

Uma balada

Antes de ir

Pro meu hotel


É que este

Coração

Já se cansou

De viver só

E quer então


Morar contigo

No Esplanada




Eu qu'ria


Poder


Encher


Este papel


De versos lindos


É tão distinto


Ser menestrel



No futuro


As gerações


Que passariam


Diriam


É o hotel


Do menestrel




Pra m'inspirar


Abro a janela


Como um jornal


Vou fazer


A balada


Do Esplanada


E ficar sendo


O menestrel


Do meu hotel


Mas não há poesia


Num hotel


Mesmo sendo


'Splanada


Ou Grand-Hotel



Há poesia


Na dor


Na flor


No beija-flor


No elevador



PS: Os quadros são da Tarsila do Amaral, esposa do Oswald. Em um, que desconheço o nome (acho que não tem), ela retrata o marido e o outro chama-se Abaporu.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011





Erótica é a alma



Adélia Prado

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Os Nerys
















Ontem à noite, enquanto arrumava uns livros, me deparei com um folheto de uma exposição do Ismael Nery, à qual fui em 2000, na FAAP (nossa, como guardo coisa!!).



Por coincidência, outubro é o mês de aniversário dele, que nasceu em 09/10/1900. Ismael foi pintor, desenhista e poeta bissexto, assim chamado porque não escrevia com regularidade.



Ele foi casado com Adalgisa Nery, jornalista e poetisa. E esse post nasceu por causa dela: no meio dos meus livros encontrei o tal folheto, no qual estava escrito, com minha letra apressada, um poema dela, que transcrevo abaixo.



Pra não ser injusta com o Ismael, coloco também um poema dele e uns quadros.







Teoria do Zero - Adaligisa Nery






O desejo que absorve dois corpos


E por instantes funde-os na unidade


Sentimentos com a força das marés vazantes


Baixam às próximas marés enchentes


Dois corpos abadonados, flutuando


No oceano aberto





Poema para ela - Ismael Nery


Acabaram-se os tempos.


Morreram as árvores e os homens.


Destruiram-se as casas.


Submergiram-se as montanhas.


Depois o mar desapareceu.


O mundo transformou-se numa enorme planície.


Onde só existe areia e uma tristeza infinita.


Um anjo sobrevoa os destroços da terra,


Olhando a coléra de um Deus ofendido.


E encontrou nossos dois corpos fortemente enlaçados


Que a raiva do Senhor não quis destruir


Para a eterna lembrança do amor maior.





PS: Os quadros são um autorretrato, um retrato da Adalgisa (por último) e o outro não sei se tem título.
























quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Veja só quão irônica é a vida: desde que comecei o curso de pós em Mídias Digitais, não consegui mais tempo de escrever no blog - minha principal atividade digital!!
Tenho que, urgentemente, reorganizar a vida e voltar a escrever!! Afinal, pra mim escrever é essencial, me faz entender melhor o que penso e sinto.
Ahhh, tenho que achar tempo pra tantas coisas - virtuais e reais!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

"A nossa única defesa contra a morte é o amor"

Saramago

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Filmes no fim de semana




Sábado fui ao cinema, acabei me empolgando e assisti a dois filmes - só não vi o terceiro porque os horários das sessões eram incompatíves. Tinha tempo que não fazia isso!!


Foram dois filmes com o Gérard Depardieu, que como sempre estava maravilhoso!


O primeiro foi o "Minhas Tardes com Margueritte", que quase me fez chorar no final. Mas não pensem que o filme é triste. Na verdade, ele tem lá seus momentos de tristeza, mas são muito bem suavizados pelo jeito bonachão do personagem principal, Germain.


O filme trata da amizade entre Germain (G. Depardieu) e Margueritte (Gisele Casadesus), uma simpática senhorinha. O que une os dois? Livros!


A doce Margueritte é uma apaixonada por livros e acaba seduzindo Germain, um boa praça meio brucutu, com suas leituras. Sedução no sentido mais puro que existe, o afeto entre eles é sincero e inocente.


O que Germain encontra em Margueritte é o que não encontra em sua mãe, com quem tem uma relação bastante tumultuada, desde a infância.


O filme tem cenas muitos tristes, como as humilhações sofridas por Germain, outras muito doces, como as belas palavras que ele diz a namorada após terem feito amor, e outras muito engraçadas, como a que ele devolve o dicionário com que Margueritte o havia presenteado porque não concordava com suas definições.


O outro filme foi "Potiche", com Depardieu e Catherine Deneuve, que está ótima. Essa história gira em torno da dona de casa que, por questões circunstanciais, assume a presidência da fábrica da família, inesperadamente se dá muito bem na empreitada e toma gosto pela coisa. Um filme que trata de coisas muito sérias de uma maneira leve e divertida. As relações familiares e sociais são expostas e, com elas, a hipocrisia da sociedade.


O filme de Ozon, embora muito diferente, me fez lembrar do Gil Vicente, que usava suas peças para expor a sociedade da época e tentar "educá-la".


Ozon ambienta seu filme no final da década de 70, mas temos a impressão de que a história e as questões que ela levanta são atualíssimas! Talvez esse seja o motivo de acharmos tão engraçadas algumas situações.












quarta-feira, 20 de julho de 2011

Uma vez li, não sei onde, a seguinte frase:



"Estou onde me ponho"




Ando pensando muito nisso ultimamente...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O jardim, convite à preguiça, exige trabalho constante.


Carlos Drummond de Andrade



Fazia muito tempo que não lia o Bandeira. Hoje reli. Eis um poema do livro Belo Belo:


O Rio



Ser como o rio que deflui

Silencioso no meio da noite

Não temer as trevas da noite

Se há estrelas no céu, refletí-las




E se os céus se pejam de nuvens

Como o rio as nuvens são água,

Refletí-las também sem mágoas

Nas profundidades tranquilas




domingo, 17 de julho de 2011

sábado, 18 de junho de 2011

seus movimentos
seu toque
seus beijos
embaçam meus pensamentos

nossa secreta loucura
que só a almofada presencia

o que sinto?

07/05/11
suas mãos
nas minhas costas

seus dedos
na minha palma
na minha alma
na minha falta de calma

sua pressão
na minha garganta

meus dedos
nos seus caracois

você
em mim

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Elogio à amizade








Quanto tempo, né?! Depois de quase um mês sem postar, um pouco devido à falta de tempo e um pouco à falta de assunto, volto pra registrar algo que muito me emocionou: um vídeo postado no Uol (o link está aí embaixo).


Hoje chorei na frente do computador - quem me conhece vai dizer que isso não é nada difícil, pois eu sou mesmo uma manteiga derretida! Tá bom, tenho que concordar!! Mas talvez você se emocione também...


Um menino de 17 anos estaria ficando deprimido porque seus cabelos caíram depois de um mês de quimioterapia. O que fizeram seus amigos? Rasparam a cabeça pra que Artuhr não se sentisse diferente!


Fiquei realmente comovida! Tenho dois motivos especiais pra me comover: meus cabelos também caíram com a quimio e já fui surpreendida com atitudes de carinho pela garotada da idade do Arthur.


Depois de mais ou menos 6 semanas da minha primeira sessão de quimio (foram só 4, graças a Deus), meus cabelos começaram a cair e, o que era mil vezes pior, meu couro cabeludo começou a dor muuuuito. Não tive dúvidas, disse a minha família que iria raspar a cabeça, pois não queria passar pelo desconforto daquela dor desnecessária. Claro que ouvi negativas à minha decisão. Mas expliquei que eu me sentiria melhor e que a decisão já estava tomada.


O cabeleireiro que raspou meu cabelo tinha perdido sua mãe para o câncer e foi generossímo comigo (caso leia esse blog, Hélio, meus sinceros e emocionados agradecimentos). O alívio que senti foi tão bom que nem quis usar de imediato a peruca que havia comprado. E olha que meus cabelos eram bem compridos!!


Depois de uns quatro meses, meu cabelo voltou a crescer normalmente e eu aposentei a peruca. Passei a ser "fashion" com o cabelo curtíssimo!! Estava tão feliz porque a quimio tinha acabado que me sentia linda e maravilhosa!! (se estava ou não, são outros quinhentos!! as fotos dessa postagem são de meu anivernisário, nessa época - tirem suas conclusões!! rsrs) Hoje, mais de um ano depois, meus cabelos já estão compridos novamente!!


Mas o que realmente me emocionou foi o carinho da galera com seu amigo! Todo mundo fala que os adolescentes são temperamentais, que é díficil tratar com eles e coisas assim!


Tenho que concordar que a relação com eles não é sempre um mar de rosas (mas há relação sem dificuldade? eu desconheço!), mas já presenciei demonstrações tocáveis de carinho e solidariedade! Lembro de uma vez que os alunos receberam a notícia de que um professor estava tendo dificuldade financeira em seu tratamento de câncer. Imediatamente os meninos tiveram um monte de ideias pra levantar dinheiro pra esse professor!! Foi muito bonito ver isso!


Assistindo ao vídeo dos colegas do Arthur, me lembrei de uma surpresa que meus alunos fizeram quando me despedi da escola onde trabalhava, no Rio. Tenho as fotos, o video e os bilhetinhos - de vez em quando revejo tudo e, claro, meus olhos enchem de água!!


Aos meus queridos adolescentes (alguns hoje já não são mais adolescentes!! rsrs), minha sincera admiração e meu eterno carinho!! Saibam que aprendi muito com vocês!!






Link pra notícia do Uol:



http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/06/03/ele-ficou-com-as-pernas-tremendo-diz-aluno-que-idealizou-careca-coletiva-em-minas-gerais.jhtm






quarta-feira, 11 de maio de 2011

















Mais algumas fotos, essas de uma lavra mais antiga (todas de Paraty)


terça-feira, 10 de maio de 2011

Você diz que é aluginógeno,

pois eu digo que é alucinante!

O certo é que estamos alucinados!

Você aluou-me,


mostrou-me a lua, em desvario...


Ehhh, aluamento bom!!
"A única viagem real da descoberta não consiste em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos"


Marcel Proust

terça-feira, 26 de abril de 2011

François Truffaut, uma autobiografia



Ontem assisti, na TV Cultura, ao documentário "François Truffaut, uma autobiografia", de Anne Andreu, produzido em 2004.


Eu adoro o Truffaut, aliás já escrevi sobre ele aqui. O documentário é bárbaro e dá um excelente panorama da obra do cineasta, com imagens dos sets de filmagens, entrevistas, depoimentos de diretores, atrizes e assistentes.


Fiquei com vontade de rever alguns filmes e ver outros que desconhecia até então, como "A sereia do Mississipi", considerado o mais hitchcockiano do Truffaut.


Segundo o cineasta, todo filme é sobre sentimento. Nunca havia pensado dessa forma e fiquei aturdida quando o ouvi dizer isso. Mas não é que ele tem razão!! Genial, mais uma vez!!


Outra coisa genial que ouvi dele foi: "A vida é por definição provisória (...) E nossa afetividade pede o infinito".


Que frase bonita!! De uma beleza um pouco melancólica, mas sem dúvida muito bonita e delicada. Por essas e outras que eu adoro o Truffaut!!

Saramago




Quem me conhece um pouco sabe que não sou lá muito apaixonada pelos livros do Saramago. Talvez isso se deva a um trauma da época da faculdade, quando tive que fazer um seminário sobre o "Memorial do Convento". Não sei exatamente o porquê, mas esse foi um dos trabalhos mais penosos pra mim, embora tenha achado interessante a ideia da moça que vê a pessoa por dentro...


Desde então, venho tentando ler as obras do Saramago, pois gosto da figura dele. Fiquei muito triste quando ele morreu. Gostava de ouvi-lo falar, gostava de ler suas entrevistas, sempre me interessava por sua biografia (uma vez ganhei um livro com muitas fotos dele - adorei!). O documentário sobre ele e sua mulher Pilar está na minha lista de filmes a assistir - aliás acho que vou vê-lo ainda nessa semana...


Hoje li um livrinho chamado "O conto da ilha desconhecida". Chamo de livrinho, porque é bem fininho, cerca de 60 páginas, como dizia uma professora "ele nem para em pé". Adorei - que prazer dizer isso de um Saramago!!! Vale a pena, pois , entre outras coisas, é uma metáfora da aventura que é a busca pelo auto-conhecimento.


Recomendo a leitura, que é prazeirosa, apesar da falta de pontuação caracterísitca do autor português. Eis uns trechinhos de brinde pra vocês:


"gostar é possivelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar" (p. 32)


"se não sais de ti, não chegas a saber quem és" (p. 40)


"como as pessoas se enganam nos sentidos do olhar, sobretudo no princípio" (p. 49)





PS: o número das páginas se refere a edição da Companhia das Letras (2008), que traz as belas aquarelas de Arthur Luiz Piza.

terça-feira, 12 de abril de 2011




você me segura?

(por que esse pedido reiterado ao infinito?)


não, eu não te seguro

não quero ninguém ao meu lado

porque está seguro,

feito bicho preso

passarinho na gaiola

cão fila em kitinete


não, não seguro!

definitivamente, não!


quero que a liberdade seja a corda que te prenda

quero que o afeto seja o laço que nos une

quero que a vontade seja o que te faz ficar

quero que o desejo faça você permanecer

quero que a leveza seja a brisa que te traga

quero que o bom humor seja a promessa de risos partilhados

quero que a porta esteja sempre aberta

e você decida sempre entrar por ela

pra entrar em mim


não te seguro

porque respeito tuas vontades

assim como respeito as minhas


não te seguro

porque ninguém me segura






As memórias do livro


Acabei de ler um livro metalinguístico: o "As memórias do livro" trata da história de um livro. Um livro falando de outro livro - metalinguagem pura!

Confesso minha total ignorância a respeito da escritora e jornalista australiana Geraldine Brooks. Só depois de terminar o "Memórias" é que fui procurar na net informações a respeito de sua autora. Ela ganhou, recentemente, dois prêmios Pulitzer: um com "As memórias do livro", em 2008, e outro com "March", em 2006 (este já está na minha cada vez mais obesa lista de livros pra ler!).

Apesar de achar que a tradução poderia ter sido mais cuidadosa, vale a pena ler o romance sobre o manuscrito hebraico, inspirado na verdadeira Hagadá de Sarajevo (se você, como eu, nunca ouviu falar em hagadá, leia a nota ao final do texto).

Em primeiro lugar, o livro de Brooks é muito bem narrado, com seus flashbacks perspicazes e personagens cuidadosamente construídos.

Como se isso não valesse a leitura, ela me abriu um mundo inteiramente novo: o da conservação de manuscritos antigos. Na história, Hanna é uma conservadora de livros com a tarefa de restaurar a Hagadá.

Conforme a tarefa de Hanna se desenvolve, descobrimos que muitos mistérios envolvem o manuscrito.

Aliás, esse também é um livro "detetivesco", pois, como um detetive, vamos juntando os fios para desvendar os misteriosos caminhos percorridos pela Hagadá.

Por esses caminhos, muitas vezes desfilam personagens com histórias muito tristes, histórias de intolerância e dor extremas.

As histórias ficcionais de Brooks são demasiadamente parecidas com as reais, registradas na História da humanidade.

Diria que este é um livro triste, como o é a destruição de livros e culturas, tema que subjaz a redescoberta da Hagadá.

Mais triste ainda porque as pessoas também são marcadas pela dor e destruição promovidas por tiranos que odeiam livros.

Como diz a epígrafe do "Memórias": No lugar onde se queimam livros, no fim se queimam homens (Heinrich Heine).



Nota: Segundo o dicionário Aurélio, hagadá é "narrativa da libertação e saída dos judeus do antigo Egito, entremeada de ensinamentos rabínicos, salmos de louvor e trechos bíblicos, conforme compilada da tradição oral, e que é recitada na primeira noite da Páscoa judaica"

quarta-feira, 6 de abril de 2011



longe é o lugar para onde não quero ir

quinta-feira, 31 de março de 2011

Seu nome


Quando perguntei o seu nome,
você me pediu
pra escolher um entre três nomes,
explicando que no trabalho era conhecido por um;
na família por outro; e
que sua mãe o chamava de outra forma.

Confesso que achei estranho.

Talvez a estranheza seja porque sempre fui chamada por um só nome,
com algumas variações,
como diminutivo, só as letras iniciais ou coisa assim.

Nunca tive um nome inteiramente diferente do meu.

Mas você mudou isso - talvez já esteja acostumado aos múltiplos -
e hoje você me chama também de Bubu.

(Mais uma confissão: se alguém na rua me chamar de Bubu, provavelmente, não terá minha atenção. Associo esse nome a você. Então, mesmo que às avessas, este é mais um de seus nomes.....)

Fiquei pensando na minha escolha:
o mais moleque.

Na época não sabia,
mas você é assim.

Quer dizer, é assim e é também mais um monte de outras coisas.
Talvez por isso tantos nomes.......



quinta-feira, 24 de março de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

Fotos


Ultimamente tenho tirado muitas fotos. Estou tendo aulas particulares e singulares com o Zeca.
Eis uma amostra de nossa produção.
































Vocês conhecem a Revista Pessoa? Eu conheci porque trabalho no mesmo lugar que o marido da editora.
Não circula por aí, dando sopa, o que é uma pena. Mas é possível se ter uma ideia de sua proposta pelo site - http://www.revistapessoa.com/
È uma revista de literatura lusófona, o que muito tem me interessado ultimamente.
No último número que me chegou às mãos, em cuja capa belíssima está a frase "Ler rompe muros", li e me comovi com o seguinte poema, do português Helder Macedo:

"Tive uma amiga que ambicionava escrever
poemas de silêncio

trabalhou muito até que conseguiu
organizar numa mesa de vidro transparente
doze folhas brancas de papel branco
com uma joia em cima de cada uma
para cada amigo receber
o seu poema de silêncio
quando fosse encontrada no robe branco
da morte branca que oferecia

Cheguei a tempo de salvá-la
fizeram-lhe a lavagem no estômago
não me perdoou a alma mal lavada
nunca mais nos vimos
viaja agora de país em país
sem joias sem poemas sem amigos
e telefona-me às vezes depois da meia-noite
quando o silêncio raspa o vidro da janela"


(Obs: pena não conseguir reproduzir a diagramação que está na revista. espero que me perdoem por isso)

quarta-feira, 2 de março de 2011

"O amor deixará de variar se for firme,
mas não deixará de tresvariar se é amor"

(Frase do Padre Vieira, no livro A disciplina do amor, da Lygia Fagundes Telles)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

poema pra sempre perdido
como peixe que finge
que morde a isca
mas escapa
rindo de mim
suas palavras têm cor
seus gestos têm cheiro
e seus cabelos, cachos
que adoro bagunçar!!
poeta da imagem
com sua câmera
capta meu desejo
e transforma-o
em felicidade

Vogt

Dias desses estava eu no trabalho, quando meu chefe perguntou se eu conhecia o Carlos Vogt. Claro que conhecia, li diversos textos dele na faculdade!!!
Mas o livro que meu chefe trazia consigo me era desconhecido: um volume de "Poesia Reunida", que, como o nome sugere, é uma coletânia de poemas.
Nem precisa dizer que devorei o livro em dois minutos!!
E, por pura coincidência, naquele mesmo dia meu chefe me apresentou ao Vogt, que estava almoçando no mesmo lugar que nós.
Eis alguns poemas do livro:

Falamos tudo e ainda
há o que
silenciar

&

Paisagem Doméstica
Desavenças de caso
secam avencas
nos vasos

&

Decreto
A vida
- como o contrário -
não pode ser impedimento
para viver
salvo
disposições em contrato

&

Autópsia
(à maneira de Antero, Augusto
e outros anjos realistas)

Tiro-me a roupa
a carteira
os documentos

rasgo-me o peito
o ventre
os sentimentos

abro-me a pele
em frestas
para o avesso

devassa inútil:
dentro
por sobre a mesa

sólida
verte-se em sangue


cheia de dor
a mesma subjetividade
episódica

&

Otimismo
Nós dois jamais fracassamos juntos
sempre apostamos no certo
na hora errada
chegamos perto

&

Nova Freudiana
A TV para quem
tem fome:
- Desliga-me,
ou me consome.

&

Mimese
Se a vida imita a arte
como punir
o plágio da existência?

&

Comboio
Num ponto você tem razão:
a corda bamba da tristeza
sempre quebra
do lado do coração

&

Ensaio sobre o dom
Pelos olhos da exatidão
perdeu-se o que era dádiva.

&

A imagem substitui
o texto mas
não tem
como contar-se
sem contexto

&

Habilidade romântica
A lua roubar
sem
tirá-la do lugar

&

Tópicas
Heróis são
metáforas
de si mesmos

vilões são
sinédoques
dos outros

ser comum

tem sentido
figurado

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Faz tempo........

Ando meio sumida, né? Pois é, tem muita coisa acontecendo, por isso estou com muito pouco tempo livre e com muitas coisas na cabeça - não paro de pensar nem quando durmo, os sonhos estão aí pra comprovar o que digo!
Ultimamente minha cabeça vem sendo assolada por pensamentos "práticos" - tenho que fazer tal coisa, tenho que ir ao banco, tenho que resolver esse problema burocrático, tenho que ir ao supermemrcado e mais um monte de outros "tenhos que".
Além das questões do cotidiano, esse período tem sido de muitas decisões. Vislumbro muitas mudanças em minha vida. E pra saber qual o melhor caminho a seguir, é preciso analisar - o que leva tempo e agita a alma.
Quando é assim, não consigo escrever. Não porque falte assunto ou porque o tempo é escasso (apesar de realmente o ser), mas porque falta tranquilidade. Não sei se acontece com todo mundo que escreve, mas se eu não tenho tranquilidade, não consigo escrever. Escrever é uma espécie de lapidação, requer tempo e concentração. Se não estou serena, não consigo me concentrar.
Contudo, esses dias, quando bateu uma saudade do blog, eu estava pensando que escrever me acalma e ajuda a botar as ideias no lugar.
Por isso aqui estou, de volta ao achonchego das palavras.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Belas Artes

Hoje, após minha caminhada de 1 hora, que espero se torne habitual em 2011, entro no carro, ligo o rádio (esse hábito, mais fácil, já incorporei!) e me dirijo ao trabalho.
Quando estava quase chegando, ouço uma notícia que muito me entristece: o Belas Artes vai fechar.
Fico muito surpresa, porque achei que o perigo já havia passado. Sabia que o André Sturm, proprietário do cinema, havia acertado um novo patrocínio com o HSBC.
Não sei o que aconteceu, mas notícias na imprensa dão conta de que o proprietário do prédio pediu o imóvel e pretende abrir uma loja no lugar do cinema. Parece que mais uma vez o consumo se impõe.
O Belas Artes foi um dos responsáveis pela minha paixão por cinema (falo dele como se fosse uma pessoa, pois é assim que sinto. É como se tivesse perdendo um amigo de longa data). Talvez tenha sido o principal responsável.
Lembro que, em meados da década de 80, eu namorava um rapaz que trabalhava ali pertinho, na Av. Paulista. Um de nossos programas preferidos era ir ao Belas Artes. Muitas vezes nem sabíamos bem o que estava passando, mas tínhamos certeza de que um bom filme esperava por nós.
Lembro também de encontrar com o pessoal da faculdade no Riviera, bar em frente ao Belas Artes, pra irmos juntos ao cinema. Enquanto esperávamos a turma chegar, bebíamos uma cerveja e resolvíamos todos os problemas da humanidade.
Eu adorava aquele pedaço, me sentia em casa, ficava olhando os livros usados nas bancas da esquina da Consolação com a Paulista. De tanto passar por lá, fiz amizade com os livreiros, que conseguiam pra mim qualquer livro, mesmo que estivesse esgotado ou fosse raríssimo.
Outra lembrança saborosa era o café do Fran's. Na verdade mais o aroma do café do que o gosto, pois naquela época praticamente não bebia café puro - mas me acabava no capuccino. Era muito comum sair do cinema e ir ao Fran's, que naquela época era um dos poucos lugares que ficava aberto madrugada adentro.
A última delícia do Belas Artes era o Noitão - uma sequência de três filmes, sendo o primeiro, que começava à meia-noite, uma pré-estreia e o último uma surpresa (não era divulgado qual filme seria exibido).
Sei que sentirei muitas saudades do Belas Artes, sei que sentirei um aperto no coração quando passar por ali e não o vir, sei também que nunca mais vou ter a mesma sensação que tinha ao ir às salas do Bela Artes.
Assim como o Riviera, o Belas Artes também ficará só na memória e na saudade

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

minha saudade tem
o gosto da romã
o cheiro de charuto de chocolate
a maciez das nuvens
o sal do mar
as cores de Matisse
o azul do céu
a luz do inverno
a alegria do verão
a leveza do beija-flor
o ímpeto de uma tempestade
a serenidade de um lago

a minha saudade tem seu nome
e eu a trato a pão-de-ló