Por que "clepsidro-me"?!?!

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terça-feira, 29 de junho de 2010


entre os livros
estavam os dois,
encontro casual
numa noite de outono

a livraria estava cheia
(será que os brasileiros descobriram os livros?)

ele percorria as estantes,
em busca de algo novo para preencher o tempo e a alma

ela procurava alguma coisa
para satisfazer seu ímpeto por novidade

a maior novidade, no entanto, não estava nos livros

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Como prometido, assisti ao jogo num lugar bem barulhento, com direito as vuvuzelas e derivados. Mas mesmo que estivesse em casa, dessa vez não dormiria.
Gostei do jogo. O Brasil jogou melhor, apesar do Michel Bastos ter sumido e o Robinho não ter aparecido muito. Em compensação, o Kaká e o Luiz Fabiano se destacaram.
Nem vou comentar do "braço de Deus" - se o Maradona pode, o L. Fabiano também pode!
E quanto a expulsão do Kaká, eu acho que o Dunga tem uma parcela de culpa.
Não ouvi ninguém falando isso, portanto talvez seja uma bobagem sem par, mas vamos lá, vou dizer o que penso mesmo assim.
Todos sabemos que o Kaká é um jogador importante e que ele já tinha um cartão. Ficou claro também que a Costa do Marfim estava provocando. A má atuação do juiz também era evidente.
Portanto, na minha opinão, o Dunga deveria ter substituído o Kaká antes da expulsão. Pra mim, era claro que os marfinenses iam pra cima dele. Não adiantou esperar o lance polêmico pra querer dar uma de malandro e substituir o jogador às pressas.
Na minha opinião a expulsão foi injusta - mas hoje já ouvi o contrário. Seja como for, ele está fora do jogo contra Portugal. Vamos ver quem o substitui.
Por falar em Portugal, 7 a 0!! Pelo menos não temos que aturar os argentinos se gabando da maior goleada. Mas, cá pra nós, fico com mais raiva ainda do nosso placar contra a Coreia!!

Clarice?

Estava navegando pela net, lendo as notícias do dia, quando me deparei com uma citação, segundo o autor da página virtual, da Clarice Lispector.
Francamente não sei se é dela. Fico sempre desconfiada das referências, especialmente quando não tem o nome do livro, só o do autor.

Como fica difícil de checar, estou vendendo o peixe conforme comprei. Resolvi postar essa citação da Clarice (?) porque ela diz muito do que penso sobre a vida.

"Sonhe com o que você quiser.
Vá onde você queira ir.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldade para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança para fazê-la feliz."


Que eu tenha sabedoria e coragem pra fazer tudo isso!!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Receita de Mulher

Prometi postar esse poema do Vinícius de Moraes. Promessa feita; promessa cumprida.
A maioria das pessoas conhece apenas o início do texto, talvez por ser longo. Mas vale a pena lê-lo inteiro.
Eu desconfio que há um tom um pouco irônico nessa poema. Ou esse papo de 5 velas e queimaduras de 1º grau é sério?!?!!? rsrsrs
Quem sabe por isso é um dos meus prediletos...
Os versos finais são meus preferidos, quando ele fala do embriagante mel, do canto inaudível, da dançarina do efêmero e da incalculável imperfeição.
Esse belo poema é como a beleza: límpido e misterioso.
Vamos a ele:



"As muito feias que me pedoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa)
Não há meio termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que reflita e desobroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que tudo seja belo e inesperado. É preciso que uma das pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Eluard e que acarecie nuns braços
Alguma coisa além de carne: que se os toque
Como ao âmbar de uma tarde. Ah, deixai dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então
Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca
Fresca (nunca úmida!) e também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é, porém, o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes. Indispensável
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteie em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de 5 velas.
Sobremodo pertinez é estarem a caveira e a coluna vertebral
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto, sensível à carícia em sentido contrário.
É acoselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível um mínimo de produtos farmacêuticos!
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos. A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face
Mas que as cavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
A 37º centígrados podendo eventualmente provocar queimaduras
Do 1º grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da Terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro da paixão
Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que, se fechar os olhos
Ao abrí-los ela não mais estará presente
Com seus sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo Que ela nunca perca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder a graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre o embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda criação inumerável.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Cochilo

Vocês se lembram do post intitulado "Beleza é fundamental"?
Pois é, tenho que retomá-lo pra falar da estreia da seleção na Copa (quando vou me acostumar a não usar mais o acento em estreia?? assim me sinto caquética, sabe aquela história de "na minha época era assim...").
Tenho duas confissões (bem espírito de porco! rsrsrs) a fazer:
1) dormi na metade do primeiro tempo
Aqui cabe um esclarecimento: como gosto de prestar atenção ao jogo, não curto muito assistir em bar, porque é aquela muvuca e fico com vontade mandar todo mundo calar a boca pra eu me concentrar. Então, pelo bem da convivência, fico em casa. Às vezes, me rendo aos amigos e à caipirinha e vou ao boteco, mas quase sempre me arrependo.
Estava eu no sofá, quentinha enrolada no cobertor, tomando um vinhozinho... quando vi tinha perdido uns 10 minutos de jogo. Assumo: cochilei. O jogo estava muito chato, não resisti.
2) vibrei com o gol da Coreia (de novo o tal acento!!)
Vibrar talvez seja exagero, mas bem que gostei dos coreanos terem feito um gol. A nossa seleção estava muito lenta, não conseguia abrir espaço pra atacar, errou muitas finalizações, ficava com aquele irritante toquinho de lado.
Por tudo isso, achei justo o adversário marcar o seu.
Parece que os jogadores brasileiros entram no ritmo do oponente - e todo mundo sabe que os coreanos não têm muito gingado - nem na dança, nem no futebol (eles não estão em último lugar no ranking da Fifa?).

Talvez o maior problema dos "canarinhos" seja esse: não sabem imprimir o próprio ritmo ao jogo. Se jogam com um time que exige, eles respondem; mas se não, deixam o barco correr. Isso me dá nos nervos!!!
Entretanto, tenho que dar o braço a torcer: o Dunga bem que tentou. Gostei das substituições.
Aliás, gostei muito do Michel Bastos - boa movimentação, sempre pra frente, bons passes, boas roubadas de bola.
Espero que a seleção não cochile contra a Costa do Marfim.
Eu, de minha parte, vou assitir ao jogo num bar bem barulhento, só por vias das dúvidas.

PS: E a Espanha, quem diria? Parece que La Furia não anda tão furiosa assim!!!! Será que se pode dizer o mesmo dos espanhóis?!?!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Estações


O sentimento está morrendo?
- por que não nomeio "esse sentimento"? por medo de errar?
chamar de amor é exagero? chamar de paixão é pouco? não sei...
talvez precise de um outro idioma pra nominá-lo.

Mas está? Não, não está.
Mesmo sem nome,
algo pulsa em mim.
Já não é a mesma, mas há pulsação.


Antes era uma agitação sem fim,
hoje é sereno, sereno como o outono,
com seus dias límpidos e frios
e sua luz inigualável -
tenho a tentação de dizer sereno como o amor,
mas não houve outonos suficientes pra falar de amor:
amor demanda tempo.

O verão se foi e com ele a euforia das festas,
dos corpos expostos
e da paixão urgente,
com ele também se foi seu corpo que aquecia o meu -
mas foi decisão pensada e repensada, e não arrependida.
O calor do corpo se foi, mas no lugar ficaram as palavras,
sementes de esperanças.

Espero que o inverno não seja longo e rigoroso,
que o calor remanescente possa suportá-lo -
o calor é o alimento pra quem ama.
Tenho frio.

Que a primavera chegue sem demora,
frutificando as sementes ocultadas no inverno e
trazendo as flores que perfumam a alma
e as frutas que saciam o corpo.

(Se for paixão, talvez não resista ao inverno.
Mas ai, ao menos, saberei nomeá-lo)


A poesia é a alma falando
falando da vida
dizendo da dor
superando o sofrimento
evocando o desejo
despertando o encantamento
desfrutando o prazer
eternizando a vida