Por que "clepsidro-me"?!?!

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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Noite escura
só o canto
do sabiá boêmio
ilumina o silêncio

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Dia 19 de julho morreu Rubem Alves.
Na ocasião, eu não consegui nem comentar, fiquei imensamente triste. Quando penso, chego até a marejar (eu inteira e não apenas meus olhos).
Ele era um amigo e tanto - não, nunca fui íntima dele, mas isso pouco importa. O que importa é que ele era meu amigo íntimo e me apoiou em muitos dilemas profissionais e pessoais.
Quando mudava de casa, uma das mais importantes providências era marcar a caixa onde estavam seus livros, junto com os de outros amigos, pra qualquer eventualidade - era como ter um remédio mágico/poético sempre à mão.
Ele participou, à revelia, de uma das piores chantagens que me fizeram: faça isso e te levo pra tomar um café com o Rubem Alves! (Nossa, como foi difícil manter minha decisão!).
Nessa hora lembro de outro grande amigo - o Manuel Bandeira - que escreveu um poema sobre o Mário de Andrade.
O poema chama-se "O Mário de Andrade Ausente":

Anunciaram que você morreu.
Meus olhos, meus ouvidos testemunharam:
A alma profunda, não.
Por isso não sinto agora a sua falta.
Sei bem que ela virá
(Pela força persuasiva do tempo).
Virá súbito um dia,
Inadvertida para os demais.
Por exemplo assim:
À mesa conversarão de uma coisa e outra.
Uma palavra lançada à toa
Baterá na franja dos lutos de sangue.
Alguém perguntará em que estou pensando,
Sorrirei sem dizer que em você
Profundamente.

Mas agora não sinto a sua falta.
(É semrpe assim quando o ausente
Partiu sem se despedir:
Você não se despediu.)

Você não morreu: ausentou-se.
Direi: Faz tempo que ele não escreve.
Irei a São Paulo: você não virá ao meu hotel.
Imaginarei: Está na chacrinha de São Roque.

Saberei que não, você ausentou-se. Para outra vida?
A vida é uma só. A sua continua
Na vida que você viveu.
Por isso não sinto agora a sua falta.

#RubemAlves




terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Pois onde quer que o sol nasça e se ponha, seja no tumulto da cidade ou sob o céu aberto da fazenda, a vida é muito semelhante; às vezes amarga, às vezes doce. 
do filme Aurora, de F. W. Murnau



- Escute, senhor inspector: o crime que está sendo cometido aqui não é esse que o senhor anda à procura.
- O que quer dizer com isto?
- Olhe para esses velhos, inspector. Eles todos estão morrendo.
- Faz parte do destino de qualquer um de nós.
- Mas não assim, o senhor entende? Estes velhos não são apenas pessoas.
- São o quê, então?
- São guardiões de um mundo. É todo esse mundo que está sendo morto.
- Desculpe, mas isso, para mim, é filosofia. Eu sou um smples polícia.
- O verdadeiro crime que esta a ser cometido aqui é que estão a matar o antigamente...
- Continuo sem entender.
- Estão a matar as últimas raízes que poderão impedir que fiquemos como o senhor...
- Como eu?
- Sim, senhor inspector. Gente sem história, gente que existe por imitação.


Mia Couto, em A varanda do frangipani


sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Conforto

"Conforto não é uma poltrona fácil, é um estado de calma, quando o corpo, o olhar, a mente estão em relaxamento.

Quero algo que se encaixe com  meu modo de vida, com apenas o necessário para viver e nada mais, onde família e amigos compartilhem o sentimento de se viver em casa."

John Pawson, arquiteto inglês.
Severina - abril/2013