Por que "clepsidro-me"?!?!

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terça-feira, 26 de abril de 2011

François Truffaut, uma autobiografia



Ontem assisti, na TV Cultura, ao documentário "François Truffaut, uma autobiografia", de Anne Andreu, produzido em 2004.


Eu adoro o Truffaut, aliás já escrevi sobre ele aqui. O documentário é bárbaro e dá um excelente panorama da obra do cineasta, com imagens dos sets de filmagens, entrevistas, depoimentos de diretores, atrizes e assistentes.


Fiquei com vontade de rever alguns filmes e ver outros que desconhecia até então, como "A sereia do Mississipi", considerado o mais hitchcockiano do Truffaut.


Segundo o cineasta, todo filme é sobre sentimento. Nunca havia pensado dessa forma e fiquei aturdida quando o ouvi dizer isso. Mas não é que ele tem razão!! Genial, mais uma vez!!


Outra coisa genial que ouvi dele foi: "A vida é por definição provisória (...) E nossa afetividade pede o infinito".


Que frase bonita!! De uma beleza um pouco melancólica, mas sem dúvida muito bonita e delicada. Por essas e outras que eu adoro o Truffaut!!

Saramago




Quem me conhece um pouco sabe que não sou lá muito apaixonada pelos livros do Saramago. Talvez isso se deva a um trauma da época da faculdade, quando tive que fazer um seminário sobre o "Memorial do Convento". Não sei exatamente o porquê, mas esse foi um dos trabalhos mais penosos pra mim, embora tenha achado interessante a ideia da moça que vê a pessoa por dentro...


Desde então, venho tentando ler as obras do Saramago, pois gosto da figura dele. Fiquei muito triste quando ele morreu. Gostava de ouvi-lo falar, gostava de ler suas entrevistas, sempre me interessava por sua biografia (uma vez ganhei um livro com muitas fotos dele - adorei!). O documentário sobre ele e sua mulher Pilar está na minha lista de filmes a assistir - aliás acho que vou vê-lo ainda nessa semana...


Hoje li um livrinho chamado "O conto da ilha desconhecida". Chamo de livrinho, porque é bem fininho, cerca de 60 páginas, como dizia uma professora "ele nem para em pé". Adorei - que prazer dizer isso de um Saramago!!! Vale a pena, pois , entre outras coisas, é uma metáfora da aventura que é a busca pelo auto-conhecimento.


Recomendo a leitura, que é prazeirosa, apesar da falta de pontuação caracterísitca do autor português. Eis uns trechinhos de brinde pra vocês:


"gostar é possivelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar" (p. 32)


"se não sais de ti, não chegas a saber quem és" (p. 40)


"como as pessoas se enganam nos sentidos do olhar, sobretudo no princípio" (p. 49)





PS: o número das páginas se refere a edição da Companhia das Letras (2008), que traz as belas aquarelas de Arthur Luiz Piza.

terça-feira, 12 de abril de 2011




você me segura?

(por que esse pedido reiterado ao infinito?)


não, eu não te seguro

não quero ninguém ao meu lado

porque está seguro,

feito bicho preso

passarinho na gaiola

cão fila em kitinete


não, não seguro!

definitivamente, não!


quero que a liberdade seja a corda que te prenda

quero que o afeto seja o laço que nos une

quero que a vontade seja o que te faz ficar

quero que o desejo faça você permanecer

quero que a leveza seja a brisa que te traga

quero que o bom humor seja a promessa de risos partilhados

quero que a porta esteja sempre aberta

e você decida sempre entrar por ela

pra entrar em mim


não te seguro

porque respeito tuas vontades

assim como respeito as minhas


não te seguro

porque ninguém me segura






As memórias do livro


Acabei de ler um livro metalinguístico: o "As memórias do livro" trata da história de um livro. Um livro falando de outro livro - metalinguagem pura!

Confesso minha total ignorância a respeito da escritora e jornalista australiana Geraldine Brooks. Só depois de terminar o "Memórias" é que fui procurar na net informações a respeito de sua autora. Ela ganhou, recentemente, dois prêmios Pulitzer: um com "As memórias do livro", em 2008, e outro com "March", em 2006 (este já está na minha cada vez mais obesa lista de livros pra ler!).

Apesar de achar que a tradução poderia ter sido mais cuidadosa, vale a pena ler o romance sobre o manuscrito hebraico, inspirado na verdadeira Hagadá de Sarajevo (se você, como eu, nunca ouviu falar em hagadá, leia a nota ao final do texto).

Em primeiro lugar, o livro de Brooks é muito bem narrado, com seus flashbacks perspicazes e personagens cuidadosamente construídos.

Como se isso não valesse a leitura, ela me abriu um mundo inteiramente novo: o da conservação de manuscritos antigos. Na história, Hanna é uma conservadora de livros com a tarefa de restaurar a Hagadá.

Conforme a tarefa de Hanna se desenvolve, descobrimos que muitos mistérios envolvem o manuscrito.

Aliás, esse também é um livro "detetivesco", pois, como um detetive, vamos juntando os fios para desvendar os misteriosos caminhos percorridos pela Hagadá.

Por esses caminhos, muitas vezes desfilam personagens com histórias muito tristes, histórias de intolerância e dor extremas.

As histórias ficcionais de Brooks são demasiadamente parecidas com as reais, registradas na História da humanidade.

Diria que este é um livro triste, como o é a destruição de livros e culturas, tema que subjaz a redescoberta da Hagadá.

Mais triste ainda porque as pessoas também são marcadas pela dor e destruição promovidas por tiranos que odeiam livros.

Como diz a epígrafe do "Memórias": No lugar onde se queimam livros, no fim se queimam homens (Heinrich Heine).



Nota: Segundo o dicionário Aurélio, hagadá é "narrativa da libertação e saída dos judeus do antigo Egito, entremeada de ensinamentos rabínicos, salmos de louvor e trechos bíblicos, conforme compilada da tradição oral, e que é recitada na primeira noite da Páscoa judaica"

quarta-feira, 6 de abril de 2011



longe é o lugar para onde não quero ir