Por que "clepsidro-me"?!?!

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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Quero


Quero uma sandália nova pra gafieira

Quero uma lua nova e cheia pra iluminar

Quero livros novos que me prendam

Quero roteiros novos pra partir

Quero flores novas pra cheirar

Quero cores novas pra vestir

Quero músicas novas pra cantarolar

Quero filmes novos pra me comover

Quero um novo amor pra me enamorar

Quero um samba novo pra saracotear

Quero sabores novos pra me deleitar

Quero lugares novos pra me divertir

Quero mares novos pra me aventurar

Quero olhos novos pra ver o velho!!

Quero me atrever!!


A única coisa que não quero novos são os amigos

Quero os velhos amigos, pra dividir todas as novidades!!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Beleza é fundamental


Se vocês pensaram que eu ia falar do Vinícius, se enganaram.
Embora valha muito a pena postar esse poema dele, isso vai ficar pra outra hora (mas podem esperar, pois adoro esse poema!!).
Lendo a Folha de hoje, me deparei com a coluna do Ruy Castro, cujo título é Surto Cívico.
Nela encontrei sintetizado o meu pensamento sobre a seleção brasileira de futebol:
"Tenho uma relação meio espírito de porco com a seleção. Só torço por ela se jogar bem e bonito, ganhe ou não. Ganhar não é tão importante. Domingos da Guia, Leônidas da Silva e Zizinho nunca foram campeões do mundo; Dunga, Gilberto Silva e Kleberson são. Viu como não é importante?"
Eu adoro futebol - herdei de meu pai o gosto por uma boa partida - mas gosto de jogo bem jogado, disputado, criativo, surpreendente, bonito.
Será que durante as partidas do Brasil teremos um time criativo, ousado, bonito?
Acho que não. O Dunga se certificou que todos os jogadores convocados fossem obedientes e disciplinados, mas algum deles poderá fazer uma "molecagenzinha" sem tomar uma bronca?
Tomara que sim, pois eu acho que a vida sem uma pitada de molecagem é muito sem graça!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Memórias


Como posso me lembrar da expressão exata de seus olhos,
sem fazer ideia de que cor eles estavam naquela hora?
(sim, porque os olhos mudam de roupa, dependendo de seu estado de espírito...)

Como posso me lembrar da voz que exagerava tudo e mais um pouco...
sem lembrar de uma só palavra que era pronunciada por ela?

Como posso me lembrar do cheiro desagradável do cigarro,
sem saber se havia fumaça?

Como me lembro tão perfeitamente do meu desespero,
ao ouvir seus gritos e ver seu rosto de dor,
escondido de mim por intermináveis corredores?

Como posso me lembrar de minha avó rodeando o fogão
pra roubar um pouquinho do doce de abóbora de minha mãe:
"É pras crianças, elas estão com vontade!!"
(A criança com mais vontade tinha pelo menos 60 anos!!).
Não me lembro de seu rosto, só de seu corpo, dançando em volta do fogo...

Como posso me lembrar de quem me ensinou o prazer de um bom papo furado,
regado a caipirinha e "belisquetes" no boteco mais próximo,
sem saber qual foi a primeira vez que estivemos juntos no Valadares?

Como posso me lembrar tão perfeitamente de
quando disse que me faria gostar de montanhas,
sem ter ideia do ensejo pra tal promessa?

Como posso ver as cicatrizes no meu corpo,
e não lembrar da dor ?
(não me lembro dela, mas sei que me tornou mais forte)
Como posso lembrar do livro que me absorveu tão completamente,
sem ter ideia da história que ele contava?

Como posso me lembrar com saudade
de seu beijo roubado
sem saber como você se aproximou tanto de meu rosto?

Como posso me lembrar dos momentos incríveis que a vida me reserva,
se eles ainda estão a caminho?

A memória é imprevisível
e temperamental:
só guarda em seu baú o que bem quer!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Hoje andei me perguntando o que fica de nossas experiências, aí me lembrei de um belo poema do Drummond, chamado Resíduo.
Ei-lo:

De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco.

Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).

Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.

Mas de tudo fica um pouco.
da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
- vazio - de cigarros, ficou um pouco.

Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco do teu queixo
no queixo da tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?

Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.

De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...

De tudo ficou um pouco:
de mim, de ti, de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver... de aspirina.

E de tudo fica um pouco
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.

Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço, o cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte escarlate
e sob as bibliiotecas, os asilos, as igrejas triunfantes
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão. Às vezes um rato.


PS: Espero que de minhas palavras e meus abraços também fique um pouco! E que nos restem botões (de flores, de preferência) e não ratos!

quinta-feira, 20 de maio de 2010




Olho o céu e vejo
uma sereia boiando nas nuvens.

Todos os olhares se voltam pra ela,
que faz acrobacias no ar
com seu rabo luminoso sob os reflexos do sol.

Seu corpo flutua no ar
Poema surrealista em pleno centro de São Paulo
(aliás, nada mais surreal que o centro de São Paulo!)

Da torre da Estação da Luz, na manhã
de um ensolarado domingo
a sereia azul domina o céu da cidade.


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Improviso


Um anônimo me tira pra dançar, no meio da rua,
tendo como testemunhas o edificio Copan, a lua
e a multidão que passa ou a que retém o passo,
pra apreciar aquela dança improvisada.

Sensação boa
de liberdade
de empolgação
de descoberta
do imponderável
do inusitado
da vida que surpreende

O DJ, com sua pick up improvisada na calçada,
nos embala ao som de sucesos antigos
e músicas novas, a maioria desconhecidas por mim.

O gentil estranho
ora me puxa contra seu corpo,
ora me "arremessa" na direção oposta,
pra no momento seguinte me resgatar
e improvisarmos um novo passo.

Ficamos assim, pelo infinito tempo
de uma música.
Tempo em que a alegria do ritmo
toma definitivamente conta de nós.
Tempo em que nossa atenção está voltada exclusivamente
para o improviso da dança.
Tempo efêmero que se cristaliza para sempre na memória,
ao lado de outras tantas experiências prazerosas.

Quando a música acaba - que susto! -
meu parceiro me toma no colo
e gira no ar.
Assim termina nosso voo musical,
do mesmo modo que começou:
surpreendentemente!

terça-feira, 11 de maio de 2010

A pátria de chuteiras


Por conta da convocação dos 23 titulares pra Copa na África - até este momento o nome dos 7 reservas ainda não foi revelado - fiquei pensando que nesta competição vamos ver, no time do Brasil, muita disciplina e determinação, mas pouca criatividade e ousadia.

Aliás, a própria lista mostra poucas surpresas, só mesmo o Grafite, que pra mim foi uma senhora surpresa, já que não tinha a menor ideia de quem ele era, pois não acompanho o campeonato alemão.

(O único Grafite que conheço é o garçom lá do bar que frequento, que por sinal faz uma caipirinha de lima da pérsia deliciosa. Esse bate um bolão!!!)

O Dunga, desde jogador, privilegiou a força e a determinação. Lembra de como ele era na Copa de 94? Pois é, acho que continua o mesmo - previsível.

Os resultados o favorecem - ganhou a Copa em 94, como capitão, e as da América e Confederações, como técnico. Talvez ganhemos a Copa, mas não será com a alegria e irreverência com que os meninos da Vila nos brindaram. Tudo bem, hoje o mundo é de resultados - paciência!

Veja bem, não estou defendendo aqui a convocação de Ronaldinho Gaúcho, Neymar ou Ganso, só estou ponderando que eles, ou ao menos um deles, poderiam dar uma "bossa" pra esse time.

Sabe o tempero da feijoada? Pois é, na minha opinião ficou de fora. Mas tudo bem, posso estar errada, afinal entendo pouco de futebol e nada de cozinha.

Tomara Deus, eu esteja errada!! E tomara Deus que esse Grafite faça uma caipirinha ao menos parecida com o "meu" Grafite lá do bar!!!

Seus olhos


Ontem, levei um susto
Vi um de seus olhos na minha máquina fotográfica.

Havia esquecido daquela foto.
Mas ele estava ali, em close, com um meio sorriso pra mim.

Dessa vez ele estava verde.
Sempre os achei azuis, mas os descobri verdes pela lente.

Será que não vejo bem a realidade, quando se trata de você?
Será que sofro de algum tipo de daltonismo, causado pela confusão de sentimentos?

Enquanto divago, ele continua ali, a me olhar.
Será que não sabe fazer outra coisa?!
Somente olhar insistentemente...

Quando olho no fundo de seus olhos, me perco
e percebo que a tudo que minha mente dispõe,
meu desejo se contrapõe.


Água

Quem me conhece sabe que gosto muuuuito de água!!

Uma vez, uns companheiros de viagem me apelidaram de "peixa", porque bastava o barco parar pra eu cair na água.

Pois bem, como já contei aqui, recentemente fiz duas cirurgias. Como pontos abertos não combinam com água - seja de banheira, piscina, mar, rio ou cachoeira -, fiquei um tempo de molho (acho que essa não é a melhor palavra, porque no meu caso o "molho" era fora d'água, mas tudo bem...)

Em abril, voltei às minhas aulas de hidroginástica - que delícia!! Além do contato com a água, um grande prazer foi perceber que tudo passa e que a vida estava retomando seu curso.

Mas, prazer maior tive no sábado passado. Depois de zerar minha lista de afazeres (só isso já é um prazer e tanto, pois normamente essas listas nunca são zeradas!!), fui a piscina do clube que frequento.

Que maravilha!!! Como estava friozinho, a piscina estava praticamente vazia - só havia um rapaz, muito compenetrado em melhorar seu tempo.

Entrei na água morna e me deixei abraçar... Sensação boa, de aconchego, de liberdade, de relaxamento, de calamaria, de bem estar, de quietude na alma...

Depois de um breve aquecimento, comecei a nadar.

(Meu compenetrado vizinho de raia diria que eu comecei a brincar! Depois de tanto tempo parada, meu condicionamento não está lá essas coisas, mas como não vou participar de nenhuma competição, estava achando ótimo!)

Fiquei um tempo de lá pra cá, ora na superfície, ora no"chão" da piscina. Quando me cansei, fui para o raso e me alonguei.

O silêncio era quase total - só se ouvia o som das "viradas" do nadador ao lado.

Encostei a cabeça na borda da piscina, estiquei o corpo e relaxei tão completamente que quase adormeci! Aproveitei aquele momento pra aquietar minha mente, primeiro prestando atenção na minha respiração e na sensação boa da água! Depois, não prestei atenção em mais nada.

Não sei quanto tempo fiquei ali, mas foram alguns bons e revigorantes minutos.

Fui acordada do "transe" por um ávido mergulhador. Ele me lembrou que da minha lista de afazares ainda constava uma tarefa e eu precisaria ir embora daquele retiro aquático, antes que me atrasasse.

Dei graças a Deus pelo inverno, que deixa as piscinas vazias de gente e plenas de paz.




terça-feira, 4 de maio de 2010

Bom termo

Um personagem do filme "O sonho de Cassandra", dirigido pelo Woody Allen, diz uma coisa que me marcou muito: "A vida tem vida própria".

Pois é, senti isso em muitos momentos da minha vida. E, recentemente, senti de novo. Sabe aquela coisa de planejar, mesmo que sem muita formalidade, como você gostaria que fosse sua vida ou, melhor dizendo, sonhar com o que seria bom naquele momento ou num futuro não muito distante?

Pois acho que todos fazemos isso, de uma maneira ou de outra. Promessas de fim de ano, poupança pra viajar ou comprar uma casa, novo curso de sei lá o quê, troca de emprego - todas essas coisas são um tipo de planejamento, ainda que despretencioso.

Desde 2008, a minha vida tem comprovado sua automia - às vezes penso que nem tenho mais ingerência sobre ela!! (claro que essa última frase fica por conta do meu exagero!! rsrsrsrs).

Mas que muitas coisas aconteceram é a pura verdade. Algumas delas eu procurei, até lutei por elas. Mas outras, simplesmente caíram no meu colo, me dando um baita susto!!!

Pra ficar num passado recente, posso listar três acontecimentos de extrema relevância pra mim: me separei e três meses depois estava de volta à minha cidade de origem, com um novo emprego, totalmente diferente de tudo o que eu tinha feito até então.

Nesse caso, a vida decidiu como eu teria decidido. Jogo empatado!

Logo depois de minha mudança do Rio, descobri que estava com um problema sério de saúde. Me tratei, fiz duas cirurgias e estou curada. Mas que susto!!! Ponto pra vida - ela virou o jogo.

Agora, por uma situação completamente alheia a minha vontade - a morte de uma pessoa próxima - estou indo morar com meu pai. Mais um ponto pra nós duas: eu e a vida, pois estou adorando essa ideia (fica mesmo estranho não botar acento em ideia... um dia acostumo...).

Além de todas essas "partidas", a vida ainda me fez jogar um jogo diferente de todos os que eu tinha experimentado até então. Ainda não sei o placar, pois ele não terminou. Na verdade, nem sei bem que tipo de jogo é esse. Espero, como o Rubem Alves, que seja frescobol (você conhece o texto dele sobre tênis e frescobol? Vale a pena!).

Na verdade, eu creio piamente que existe um Deus que sabe o que é melhor pra minha vida e me leva pela mão aos melhores caminhos. Mesmo que esses caminhos não sejam a minha escolha, tenho certeza de que são os melhores pra mim, pois Deus está no controle.

Uma prova disso é a minha nova casa: eu e meu pai havíamos decidido por um apartamento, que não deu certo. Fiquei triste, mas confiei: o que tem que ser, será. Dias depois, encontramos outro bem melhor!

Pensando bem, não há como competir com a vida, marcando pontos no placar, pois se Deus está no controle, tudo acontece como tem que ser. Sabe aquela música que diz "a vida tem sempre razão", pois é o que eu penso. Tudo que nos acontece é pra nosso crescimento.

Esses dias estava lendo a Bíblia e me deparei com um Salmo que diz "o que a mim me concerne o Senhor levará a bom termo" (Sl 138:8). Lindo, não?!

Então, escolho sempre encarar a vida como parceira, e não como adversária de jogo!! Aliás, espero estar no jogo por muuuuuuuito tempo ainda!!