Por que "clepsidro-me"?!?!

Leia a primeira postagem e descubra!!! (clique aqui)







quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Truffaut




" As pernas das mulheres são compassos que percorrem o globo terrestre
em todos os sentidos, dando-lhe equilíbrio e harmonia"


(do filme O homem que amava as mulheres, de Truffaut)
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Não quero me apaixonar por você
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[...]
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Porra, por que a paixão é tão voluntariosa?!?!
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terça-feira, 23 de novembro de 2010


Pessoa, me empresta seus óculos e seu chapéu?
Quem sabe assim, posso ver o mundo por outros olhos e
ter ideias próprias......... de um poeta de verdade!!
eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
PS: foto minha, no Museu da Língua Portuguesa

Poemas de Fernando Pessoa - Museu da Língua Portuguesa





Ontem, a noite
estava rindo para mim
(ou ria de mim?!?!)

Seu riso era como
o do gato Cheshire -
de soslaio, debochado,
quase um desafio:
decifra-me ou devoro-te.

E eu ali,
a contemplar
aquele sorriso
ávido por me tragar.

terça-feira, 16 de novembro de 2010


como menino crescido
que vê o mar pela primeira vez
você se encanta

molhado de sal
se aquece ao sol tímido
que mais parece de outono

após o mergulho,
se deita para fazer uma espécie de fotossíntese metafísica -
o sol alimenta sua alma

sob o sol,
seu beijos ficam mais quentes

Mais Manoel de Barros

Do livro "Memórias inventadas para crianças"

"Uso as palavras para compor meus silêncios"

"Sou um apanhador de desperdícios"

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Acabei de "acabar" o livro O vendedor de passados, do J. E. Agualusa (minha febre africana voltou!! desconfio que só vai passar quando ler o Milagrário Pessoal!! rsrsrs)

Essa é uma história interessante de um homem que vende passados e tem por companhia uma lúcida lagartixa, que faz excelentes observações sobre a realidade (ou sobre o sonho?).

Lá pelas tantas, me deparo com a seguinte frase: "A felicidade é quase sempre uma irresponsabilidade" (de novo o tema da felicidade... adoro essa perseguição! rsrsrs)


Concordo com ela, em determinadas situações da vida optar pela felicidade pode ser confundido com uma atitude irresponsável. Contudo, creio que essa é, invariavelmente, a melhor opção, ainda que não pareça muito sensata.

Quem instituiu que felicidade e sensatez são inseparáveis?!?!!?!?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Felicidade


Um tema tem me perseguido ultimamente: felicidade. Bom, né?!
Eu estou lendo um livro, que não é nem um pouco leve, e lá está ela.
Ligo o rádio e toca uma música com esse tema.
Abro outro livro e lá vem ela de novo........
Acho que é porque nesses últimos tempos estou me sentindo muito feliz, não exatamente alegre (apesar da alegria estar sempre me rondando, feito gato que quer carinho...), mas tenho me apercebido da felicidade com muita constância.
Sempre achei que alegria e felicidade eram coisas distintas. Embora a alegria possa ser companheira da felicidade, esta pode muito bem viver sem aquela.
Pra que me entendam melhor, recorro ao Agualusa (de novo ele...), que explica bem essa diferença:

"Há quem confunda a alegria com felicidade. A alegria não se parece com a felicidade, a não ser na medida em que um mar agitado se parece com um mar plácido. A água é a mesma, apenas isso. A alegria resulta de um entorpecimento do espírito, a felicidade, de uma iluminação momentânea. O álcool pode nos levar à alegria - ou um cigarro de liamba, ou um novo amor, porque nos obscurece temporariamente a inteligência. (...) A felicidade é outra coisa. Não ri às gargalhadas. Não se anuncia com fogo de artifício. Não faz estremecer estádios. Raras são as vezes em que nos apercebemos da felicidade no instante em que somos felizes." (Barroco tropical)

Sempre achei que a felicidade era um estado de espírito e a alegria, um contentamento por algo que aconteceu. Por isso, na minha opinão, a gente pode escolher entre ser feliz ou não, independentemente do mundo exterior, do que está acontecendo à nossa volta (claro, guardadas as devidas proporções).
Eu, de minha parte, sempre procuro optar pela felicidade, mesmo quando o céu não está assim tão azul. E aproveito cada momento de alegria também!! Assim, vou fazendo um estoque pros dias nublados!!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Elucidário


Barroco Tropical - esse é o título do mais recente livro do Agualusa publicado no Brasil. Estou lendo-o, enquanto aguardo a publicação do Milagrário Pessoal.

Tem uma parte que fiquei com vontade de postar aqui porque eu já disse isso de outra forma.

Aí estão as palavras do Agualusa, na voz de Kianda, uma das personagens de Barroco Tropical:


"Escrevo para iluminar os corredores da minha alma. Bartolomeu iria crucificar-me por causa dessa frase (...) Quero que se dane! Sou assim mesmo. Além disso, é verdade: conheço bem a luz que dorme em certas palavras, a noite que se esconde noutras. Há metáforas que deflagram como granadas, estrofes capazes de abrir clarões à nossa frente. (...) Quando sinto-me perdida, sento-me e escrevo. Quando sinto-me irremediavelmente perdida, canto.

Canto para me salvar.

O que escrevo? Registro o que me acontece, num esforço para compreender o que aconteceu. Não invento nada. Não preciso de inventar nada. Não sou ecritora. Podia chamar a isto um diário cego, porque não tem datas. Prefiro chamar-lhe um elucidário"

Pois é, Kianda, também eu, quando estou perdida, ponho-me a escrever. Contudo, como não tenho a voz aveludada que tens (portanto não posso cantar), quando estou irremediavelmente perdida, invento histórias. Não sou escritora, mas invento histórias e também me alimento de histórias alheias, como a tua.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Pôr-do-sol

o sol se põe
como sua mão se põe em meu ombro
como o desejo se põe em nós
como o beijo, vermelho tal o entardecer, se põe em meus lábios

depois vem o frio,
o vento gelado de outono
espanta os espectadores,
mas não nos espanta
ficamos deitados na grama
os corpos colados, aquecendo um ao outro

a praça, agora vazia e silenciosa
como a noite que se anuncia,
nos convida a permanecer
nesta delicada contemplação

E nós, adolescentes despreocupados,
nos quedamos no entreato do inquieto cotidiano