Por que "clepsidro-me"?!?!

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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Suas mãos

Agitadas,
sempre em movimento,
suas mãos ansiosas querem
tudo ao mesmo tempo agora
imediatamente

(desconfio que nada (re)têm,
mas que tenho eu com isso?)

Para elas, serenar é não viver:
é preciso ganhar tempo!
Para mim, é preciso serenidade para
ver, sentir, tocar, ter prazer
(saborear demanda tempo)

Suas mãos são carros de fórmula 1,
engolidas pelo zunido dos motores.
As minhas, barquinho de pescador,
deslizam sem pressa pela calmaria da baía.

(dez/09)

Prazeres (inspirado em Brecht e Rubem Alves)

Tempo com a família
Cerveja com os amigos
(daqui, de lá e de acolá)

Ler
Reler
Cinema
Ouvir MPB, jazz, blues e samba

Dançar
Nadar
Caminhar no mato

As maritacas na minha janela de manhã
Passear de barco em Paraty

Sushi, sashimi e penne com molho vermelho

Olhar livros
Aula bem dada
Fotografar

Obras de arte
Carinho na gata manhosa

Ouvir coisas como: "Tia Cá, chuchu sou eu!!"
Matheus e Nayara

Pinga de alambique
Vinho e água
Comer chocolate

Cafuné
Beijo
Abraço apertado

Primavera
Sol
Cheiro de chuva

Respirar

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Negro Verde

I
verde? cinza?
cinzerdes olhos

olhos e claridade
emoldurados por cachoeira negra

cores, luz, amplidão
imagem invertida
pixels, lentes, imagens gravadas
na memória da câmera e do peito

II
olhos
voz
perna
ingênuas fotos fálicas
desejo (e medo)
contido
retido
substituído
adiado (será?)

Lua


lentamente
brilhantemente
a lua
crescente em branca poesia

olhos incrédulos
contemplam o inesperado strip tease

Desejo

rabiola de reflexos solta no mar
iluminada cauda de dragão serpenteando na negritude salgada
doce visão
nosso dom

cais escuro




mal iluminado por parcas luzes amarelas
barcos descansando
suaves movimentos no manto negro
claridade na aurora noturna
biombo de montanhas esconde sua nudez

Freiheit

Liberdade
contida
assustada
autoprotetora
presa em conchas azuis

Impermeável
penetrante
"Viver é perigoso"
ou tedioso?!
Tédio aborrecido
Morfeu como refúgio

Comunicação truncada.
Trancada. Onde?
Interdito para a alma,
epiderme, sim
corpo, sim
fellings, no
so dangerous...

Monalisa moderna
saudades do que poderia ter vivido
sob a pele paira o toque que não veio
sob a boca, o beijo imaginado
prazeres antecipados
ou, quem sabe?, sempre perdidos
virgens

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Por que "Clepsidro-me"?

Quando comentei com uns poucos amigos sobre a vontade de fazer um blog e o nome que ele teria, eles me perguntaram o motivo de escolher esse nome difícil.
Bem, não há "o" motivo, mas algumas ideias me ocorreram.
A primeria vez que ouvi a palavra clepsidra foi estudando o Camilo Pessanha, poeta português do início do século 20. O único livro que ele escreveu tem esse título. Os Simbolistas nem são meus preferidos, mas, não sei bem por que, esse me marcou muito. Acho que a sonoridade me impressonou.
Mas o que é clepsidra? É um relógio d'água. Tipo uma ampulheta, mas com água. Quem mora ou visita SP pode ver uma no Shopping Iguatemi.
Taí, essa ampulheta também marcou muito a minha adolescência. Achava lindo!! Enquanto minhas amigas queriam ficar andando no shopping, eu ficava numa boa olhando aquela água, aquele relógio enorme, tão misterioso quanto o tempo que ele marcava. Sempre fui fascinda pela água!!
A água me fascina pela beleza e pela força que ela tem. A força não tem só a ver com a violência com que às vezes ela se mostra (isso me assusta!), mas tem a ver com a sabedoria com que ela vai encontrando alternativas pra sua passagem. Se não dá de um lado, ela vai do outro e sempre consegue passagem.
A água também está sempre em movimento, ou deveria estar, pra não apodrecer. E na água foi início de toda vida. Tanto a vida do planeta quanto a vida de cada um de nós, na placenta. Então a água representa também a vida.
Esse blog tem a ver com isso: vida em movimento. É uma tentativa de registrar o movimento da vida, da minha vida. Sem grandes pretensões, só registrar pra que a correnteza não leve meus pensamentos e eu os perca pra sempre. E também pra que eu veja como a água/vida flui e quais os caminhos que ela cria!
Na clepsidra, a ideia é manter sempre a água em movimento, então eu me clepsidro, isto é, me mantenho sempre em movimento.
Você vem comigo? Nos clepsidramos, então?!?!?

PS:
- Obrigada, Paulo, pelo incentivo na criação do blog, sem ele acho que eu ainda estaria no projeto... rsrsrsrs
- Embora parte da inspiração venha do Pessanha, não quero o tom solene e pessimista dos poemas dele! Espero que o tom desse blog seja mais pras piadas do Oswald de Andrade, pro coloquialismo do Bandeira, pras cores do Gaudi, pros sambas do Noel Rosa e do Cartola e tantos outros de que gosto.