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terça-feira, 12 de abril de 2011

As memórias do livro


Acabei de ler um livro metalinguístico: o "As memórias do livro" trata da história de um livro. Um livro falando de outro livro - metalinguagem pura!

Confesso minha total ignorância a respeito da escritora e jornalista australiana Geraldine Brooks. Só depois de terminar o "Memórias" é que fui procurar na net informações a respeito de sua autora. Ela ganhou, recentemente, dois prêmios Pulitzer: um com "As memórias do livro", em 2008, e outro com "March", em 2006 (este já está na minha cada vez mais obesa lista de livros pra ler!).

Apesar de achar que a tradução poderia ter sido mais cuidadosa, vale a pena ler o romance sobre o manuscrito hebraico, inspirado na verdadeira Hagadá de Sarajevo (se você, como eu, nunca ouviu falar em hagadá, leia a nota ao final do texto).

Em primeiro lugar, o livro de Brooks é muito bem narrado, com seus flashbacks perspicazes e personagens cuidadosamente construídos.

Como se isso não valesse a leitura, ela me abriu um mundo inteiramente novo: o da conservação de manuscritos antigos. Na história, Hanna é uma conservadora de livros com a tarefa de restaurar a Hagadá.

Conforme a tarefa de Hanna se desenvolve, descobrimos que muitos mistérios envolvem o manuscrito.

Aliás, esse também é um livro "detetivesco", pois, como um detetive, vamos juntando os fios para desvendar os misteriosos caminhos percorridos pela Hagadá.

Por esses caminhos, muitas vezes desfilam personagens com histórias muito tristes, histórias de intolerância e dor extremas.

As histórias ficcionais de Brooks são demasiadamente parecidas com as reais, registradas na História da humanidade.

Diria que este é um livro triste, como o é a destruição de livros e culturas, tema que subjaz a redescoberta da Hagadá.

Mais triste ainda porque as pessoas também são marcadas pela dor e destruição promovidas por tiranos que odeiam livros.

Como diz a epígrafe do "Memórias": No lugar onde se queimam livros, no fim se queimam homens (Heinrich Heine).



Nota: Segundo o dicionário Aurélio, hagadá é "narrativa da libertação e saída dos judeus do antigo Egito, entremeada de ensinamentos rabínicos, salmos de louvor e trechos bíblicos, conforme compilada da tradição oral, e que é recitada na primeira noite da Páscoa judaica"

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