Por que "clepsidro-me"?!?!

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quinta-feira, 11 de março de 2010


Esses dias andei pensando muito sobre como duas pessoas podem ter opiniões tão diferentes sobre uma mesma coisa. Aí fiquei pensando se havia "a" opinião "certa" e "a" opinião "errada".
Guardando as devidas proporções, não acredito que existe "o" certo e "o" errado. Tudo depende da história de vida, dos conceitos, das necessidades, dos desejos das pessoas.
As pessoas, por natureza, são diferentes. Portanto, é natural que pensem e sintam de forma diferente. O diferente não é melhor nem pior - é apenas diferente. O dificil é aceitar isso, sem valorar ou julgar.
Sabe, só posso ver com os meus olhos e com minha miopia.
Isso me lembra dois textos, um do Rubem Alves e outro do Drummond, ambos transcritos abaixo.


"O que é necessário compreender é que ninguém tem a verdade. Nós só damos palpites. No momento em que os indivíduos compreenderem que suas verdades não passam de palpites eles ficam mais tolerantes. E é gostoso conversar mansamente, cada um ouvindo honestamente o que os outros tem a dizer". (do texto "Nossas verdades são só palpites", do Rubem Alves. Acessível em www.rubemalves.com.br)


A verdade dividida

A porta da verdade estava aberta
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só conseguia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia os seus fogos.
Era dividida em duas metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era perfeitamente bela.
E era preciso optar. Cada um optou
conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

(Carlos Drummond de Andrade, In Contos Plausíveis, José Olympio, 1985)

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